Monte Mabu: Esperança para Lugela e Victória para a Biodiversidade Moçambicana

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Monte Mabu: Esperança para Lugela e Victória para a Biodiversidade Moçambicana

  • Posted by: hchamba

Zambézia, uma das províncias mais povoadas de Moçambique, localizada na zona centro do país a cerca de 1600KM da capital Moçambicana, Maputo, caracterizada pela sua diversidade cultural, montanhas naturais meticulosamente esculpidas que por vezes relembram alguns animais selvagens Africanos, temperatura amena, terrenos argilosos em tempo chuvoso e uma moldura humana bastante tenaz. É uma província ricas em Biodiversidade, recursos naturais e é fortemente caracterizada pelo seu potencial hídrico acomodando parte do rio Zambeze, um dos maiores rios da África Subsaariana que é igualmente rico em vida selvagem marinha.

O consórcio WWF, ReGecom e Radeza com o apoio da União Europeia através Biofund estão engajados na conservação da biodiversidade no país e neste caso em particular Monte Mabu, no distrito de Lugéla que se encontra a cerca de 58KM da cidade de Mocuba na Zambézia.

Monte Mabu é uma floresta tropical densa virgem e caracterizada pela sua rica biodiversidade, fauna e flora e recursos florestais, é também uma região caracterizada pelo seu relevo montanhoso, desafiador e lindas paisagens.

Mabu encontra se localizado à nordeste da província da Zambézia no distrito de Lugéla, um humilde distrito com um enorme potencial não só em biodiversidade como também em cadeias de valor como a banana, mandioca, batata doce, café, mel, laranja entre outros.

Mabu é uma floresta tropical bastante rica em biodiversidade e estima se que menos de um terço desta floresta foi explorada e naturalmente estudada, tornando a ainda mais exótica e interessante, está repleta de espécies de fauna e flora endémicas que ainda precisam de estudo e de muita ciência para que melhor se possa perceber a extensão da sua grandeza e importância mas contudo o Monte Mabu sofre pressão humana, devido ao seu grande valor florestal.

O consórcio ReGeCom organizou algumas expedições científicas para melhor perceber o Monte Mabu e o contexto em que este Monte está inserido. Existem várias comunidades a volta do Monte Mabu o que contribui para o aumento da pressão sobre a floresta pelo facto destas comunidades dependerem dos recursos desta floresta para a sua subsistência, alguns de forma directa e outros de forma indirecta.

São várias as formas de pressão que estão a colocar em risco a saúde do Monte Mabu mas o desmatamento é a maior ameaça que a floresta do Monte Mabu enfrenta mas como mencionamos existem outras ameaças como o corte ilegal da madeira. O Monte Mabu te cerca de 11 comunidades ao seu redor onde quatro destas têm impactado de forma directa na floresta, quatro comunidades pode parecer um número pequeno e se calhar não tão ameaçador quando se tem em conta a imensidão do Monte Mabu mas este facto não torna a circunstância tão linear.

As comunidades têm características próprias que devemos ter em conta quando se fala sobre as ameaças ao Monte Mabu, é importante perceber como estas comunidades se mantem, qual é a base da sua subsistência, elas vivem basicamente de agricultura, agricultura itinerante e associada ao carácter nómada das comunidades isto torna se em um problema grande.

Porque?

O nomadismo associado a agricultura itinerante e ao não reflorestamento das áreas desmatadas é um problema sério.

Estas comunidades aceleram o processo de desmatamento da floresta do Monte Mabu, maioritariamente não de forma propositada ou voluntária, elas cortam as árvores para abrir as manchambas e depois movem se para outras zonas, fazem o mesmo e vão abandonando áreas sem nenhum plano de reflorestamento e este processo é extremamente prejudicial à qualquer Floresta e neste caso particular a floresta do Monte Mabu, e para além de se perder a floresta perde se fauna e flora neste processo, porque destruir a floresta é igual a destruir o habitat das espécies que lá habitam.

É aqui onde o consórcio começa a fazer mais sentido, este tem o objectivo principal de colmatar esta ameaça e implementar soluções mais sustentáveis para a floresta e paras as comunidades.

De que forma?

Introduzindo meios alternativos de subsistência como a agricultura de conservação, meios alternativos de renda para as comunidades e a exploração de outras cadeias de valor como mencionamos anteriormente, a mandioca, a bata doce, a banana, a laranja entre outras, e como sabemos que nada disto é possível sem que se crie capacidade a nível comunitário, o consórcio no âmbito do Projecto Promove Biodiversidade financiado pela União Europeia através do Biofund, estabeleceu um acampamento na região e destacou técnicos especializados com o apoio do Fundo Mundial para a Natureza, WWF Moçambique para apoiar as comunidades nesta aventura de esperança de uma vida sustentável sem a dependência a 100% dos recursos da floresta tropical do Monte Mabu.

É um longo processo de mudança mas que já mostra alguns sinais de sucesso e esperança que nos podem levar a um futuro mais sustentável e promissor para as comunidades do Monte Mabu e a sua floresta mística do Monte Mabu, porque no fim de tudo o objectivo é garantir um ambiente sustentável para as pessoas e a floresta hoje e para as gerações futuras.

Author: hchamba